sábado, 13 de março de 2010

pure side

Não há na vida um ponto final, que diz chega para tudo aquilo que é luz nela. A luz fica, multiplica, ilumina e, por si, eterniza. Bonito mesmo é perceber que eu cheguei até aqui e posso dizer que a luz, para mim, já eternizou.
A luz que deixei entrar sem querer, que escancarou minhas portas sem pedir a mínima licença. Gosta de um forfé aqui e ali, ela. Brilha sem ofuscar, pois aquela que ofusca se transforma em egoísmo.
Egoísmo talvez seja o meu, que queria tanto colocar a luz dentro da minha lâmpada. Se assim fosse, a teria exclusivamente para mim e não dividiria com ninguém, afinal, em tempos de escuridão, toda luz que ainda houver ainda é rara. Não se pode dar ao luxo de deixar que se vá, não? Mas, bem ou mal, essa luz não é de lâmpada. Ela é do tipo que nasce ao amanhecer e não morre ao anoitecer. A vela derrete, mas ela? Ela fica. Quem viu não esquece, portanto quer ver de novo.
Vivo com a luz. Alguns dias ela vai passear e eu fico no escuro um pouco, mas até acho que a ausência da luz, algo de bom tem, pois ela faz querer que ela volte. Quando ela volta, parece que brilha mais bonito e forte que antes. E como é sutil o seu brilho!
Não poderia querer mais. Andava sozinha, a não ser pelo meu peito que andava frio. Andava muito, procurando aquilo que não conheci em suma na vida, talvez uns pedaços apenas. Me falavam muito da luz e me fazia triste menina, pois se era menina e sabia que era, por que a luz, pra mim menina, não havia?
Nas tantas do caminho, caí num precipício alto. Fui caindo muito rápido.
Passei de súbito numa pedra e a pedra arrancou meu peito frio, que andava saliente, querendo sair de mim mesma.
Doeu e fiquei olhando muito a dor caindo na minha frente lá no fim do abismo sem fim que Deus colocou no meio do precipício. Sim, porque Deus de tudo sabe, até do peito que a pedra me arrancou.
A dor caiu tanto, mas tanto, que a luz a engoliu. Vi morte na luz e pensei “É essa luz pela qual busquei?”.
Caí também e só aí percebi que a morte era nascer de novo.
Vai-te embora de mim não, Luz.
Fica aqui, pois já escurece de novo, e do escuro medo eu tenho.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

é.

Nunca pensei estar errada, sabe? Desde o começo eu tive certeza de estar certa. Pensava que era uma bobagem dar ouvidos às palavras antiquadas dos meus pais, mas eu estava errada. É muito difícil perceber que você está sendo usado. Sempre me julguei forte demais. Certa demais. Me sinto inútil, fraca e vazia agora, com essa visão no espelho que me deixa atordoada. São cicatrizes no meu rosto, de machucados constantes. Eles ainda estão aqui e nunca irão embora... O fantastma sempre vai me perseguir. Eu sempre serei essa pessoa usável. Eu sempre me enganarei quanto a minha importância pra todos aqueles que estão a minha volta, quando na verdade estou sendo é nada. Nada é minha condição, meu carma. Deveria parar de me iludir, não?! Mas dói. Não sei se eu aguento sabe... É como finalmente ter que se livrar da embalagem do seu perfume preferido, porque ele acabou e não há mais dele para comprar.

Só tem o ponto da velhice na minha folha em branco. O tempo passa sem alardes. Ele é água que corre quieta, quieta, quieta, mas corre. Corre mais rápido do que eu posso alcançar, e é daí que vem minha perdição. Me perdi. O que fazer agora que eu não sei mais o que será de mim?